quinta-feira, agosto 30, 2012

Fernão de Oliveira


Fernão de Oliveira terá nascido em Aveiro.  Digo terá porque de certo sabe-se que foi baptizado em Gestosa, Santa Comba Dão, que os pais eram de Aveiro e que ele, em criança, por estas bandas viveu, no Convento de São Domingos, tendo depois transitado para Évora, para convento da mesma ordem.
O Professor Francisco Contente Domingues sustenta Gestosa, bispado de Coimbra, mas o próprio Fernão de Oliveira, no processo do Santo Oficio, refere:"...Aveiro é o lugar onde me geraram meus pais, da ordem de cavalaria, de costumes modestos e fortuna vulgar; mas o recem- nascido soltou os primeiros vagidos na Gestosa.." (1)


Ordenou-se padre e tem, entre outras, duas obras que já estudei.


Digo estudei e não digo li, para distinguir dos livros de cabeceira com que adormeço, ou dos que folheio nas mesas dos cafés, ou que vou lendo aos bocados por que me dão gozo.


Ao padre Fernão de Oliveira conheci-lhe as obras aquando da minha passagem, voluntária, pelo Alfeite, nas aulas-dissertações de História Marítima, em parceria com a faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de há uns anos.
Acabei mesmo por comprar o Livro da Fábrica das Naus e o A Arte da Guerra  do Mar.
Escrito este ultimo em  sequencia da Batalha de Diu, da supremacia técnica e táctica da Armada de D. Francisco de Almeida no Golfo de Malabar e da posterior participação do padre Oliveira na expedição de D. João III ao norte de Africa, constitui o primeiro, não sei se único, tratado luso sobre estratégia naval de guerra.


Os nossos barcos, de alto bordo e com artilharia muito superior, não tiveram grande dificuldade em anular a frota mameluca, apoiada pela ‘sereníssima republica veneziana’ a quem os Portugueses estavam a estragar o negócio da pimenta.


Curiosa também a forma como os nossos guerreiros eram descritos pelo Islão, como rinocerontes (alusão às armaduras e cotas de aço) que lutavam com uma espada e uma adaga, muitas vezes de três laminas, na outra mão.

Este Aveirense foi um humanista, perseguido pelo Santo Oficio, conhecedor das tecnicas de navegação da época, os seus serviços foram disputados pelas nações emergentes do fim do seculo XVI, ensinou as primeiras letras aos filhos de João de Barros, escreveu a primeira gramática da lingua portuguesa, palmilhou os oceanos, enfim teve uma vida cheia.

O Livro da Fábrica das Naus é um impressionante tratado tecnico de construção naval, com esquemas, medidas e orientações de construção. Imprescindivel para qualquer estudo sério das navegações portuguesas e ibéricas dos seculos XV e XVI.


(1) Manuscrito existente na Biblioteca da Universidade de Leiden.

Nota: O texto em cima é meu, não é copy-paste de outros da web, pelo que as asneiras alí  escritas são minhas e por elas respondo.

2 comentários:

garina do mar disse...

ora bem...

jc disse...

Estamos de férias?