sexta-feira, março 30, 2007

Mais Clandestinos

É a rua que vem, ou vai, da Ponte de Juncal Anxo até à Ponte da Vista Alegre.
O Canal é o Boco.
As gentes da margem Poente, a que se vê, e também as da Nascente, a outra, vivem aqui há gerações, pagaram as suas propriedades às Administrações Portuárias e as Contribuições à Comunidade.
Todos clandestinos.(Não há uma musica assim do Manu Chao ?)

Baiona 2002




Largámos de Baiona para as Cyes com vento norte de força 5 ou 6. As águas eram interiores pelo que o risco naquela travessia não existia. O Mar também estava baixo, vagas de vento inferiores a 1 metro, que no entanto molhavam, com surriada, sobretudo na viagem para norte, salpicando quem estava no poço.
Chegados às Cyes não encontrámos baía onde se pudesse fundear com sossego tal era o vento que se sentia. Rumámos então um pouco mais para NNW, para a enseada da Barra, mesmo no sopé do monte de Ravinaldes, promontório com uns bons 200 metros de altura, o que nos garantia um bom resguardo de vento.
Fundeámos então, juntos com o Valhala, e de bote fomos a terra para as lapas e mexilhões, abundantes nas rochas da margem.
Deram uma magnífica refeição, preparadas com esmero pelo Ricardo, a bordo do Valhala.
Sentia se que a viagem de regresso, proa à passagem entre o Monte Ferro e as Estelas, seria mais suave, pois teríamos o vento e as vagas a favor, e assim foi na verdade.
A travessia foi feita integralmente à vela, em popa arrasada, com o vento a cair para os 15 nós, forte mas certinho, sem rajadas, e com o mar a cair também para uma ‘marejada’ suave inferior a 1 metro.
A tripulação não se sentiu, mesmo assim, nada bem.
Na verdade, o Mar ama-se ou odeia-se, não há termo médio. Foi complicado aguentar os nervos e os ânimos, durante as escassas 6 milhas, sobretudo depois de sairmos do abrigo das Cyes e até às Estelas.
A canção não era de facto a mesma para os tripulantes do Blue Tooth.

quinta-feira, março 29, 2007

Malte(s)

Hoje tive um dia estuporado.
Comecei pelos dossiers a entregar na capital sem falta até às 1500 UTC e acabei pelas listas de aumentos da minha guerra.
Felizmente havia picanha, e boa, para o jantar (depois do cozido do almoço) e um Bushmills de Malte que, sendo bom, não chega aos calcantes do meu Glenfidich.
Isto no meio de Graça Morais, Bandarra, Barreth, Pino, Cargaleiro e Julio Pires, um privilégio identico aos meus Piazzollas.
Ainda me cruzei na A25 com o meu bébé que ia lançado para o Porto e para os gémeos e também pelo LILI II do José Inácio, é sempre bom ver um barcalhão daqueles.
E agora, balanço de um dia estuporado com o maltesinho da ordem e com o Piazzolla. Que mais um gajo pode querer?

domingo, março 25, 2007

São Jacinto à Tarde






É a voltinha dos tristes com barco, quando não dá para ir mais longe, vai-se a São Jacinto tentar atracar onde calhar e regressa-se ao fim da tarde....
Já era tarde quando largamos da Lota Velha e, diga-se em verdade, estava um pouco cansado e a sofrer as consequencias da mudança da hora e mais de uma leitoada na véspera, nas Caves do Barrocão, e de um excelente pica-no-chão ao almoço, bem regado com um Douro do meu antigo patrão, o senhor Philip Bergkvist, o Quinta La Rose, sózinho tinha malhado três meias garrafinhas.
Por estes pequenos nadas sentia-me, digamos, um pouco pesado, pelo que o Machadinho levou o Veronique enquanto eu ferrava uma sestinha reparadora.
Em São Jacinto, no cais do Ferry, esperava-nos o nosso Amigo Delmar que pouco depois largava, para 'pôr velas' e ir até ao Mar, que estava, dizia, chão.
Da nossa parte fomos velejar para o Terminal uns carapauzinhos de escabeche, bonzinhos.
Regressamos às 1800, na enchente, sem velas, e cruzamo-nos com o Zurk que, a todo o pano, seguia também para a cidade clandestina.
E foi assim este meu fim de semana manhoso.

sexta-feira, março 23, 2007

Meia Desfeita



"Sai uma Meia Desfeita para a Mesa do cantoooo"....era e é assim nos Galegos do João do Grão, parentes ainda da Marieke. (ao que vou sabendo os Galegos são todos parentes uns dos outros, vá se lá saber porquê !! )
Na distância da Capital vamos, em rigor com vantagem, aos meus amigos do Baptista, o melhor Bacalhau do Universo, quem sabe mesmo o melhor da Cidade de Aveiro (aqui com algumas e fortes reservas).
As fotos ilustram a minha companhia, o Machadinho e a Sara, bem como a senhora estalajadeira, Dona Né Né.
Pelo caminho ainda passei pela Feira de Março, a ser inaugurada, já com entrada marcada para logo à noite, a seguir ao Clube de Vela, para matar saudades de umas boas farturas e do verde branco fresquinho, ahhhhh.
Pois.

quinta-feira, março 22, 2007

Marieke

Marieke, a sensual galega, como Diogo Soares, d'ailleurs, ao leme da mais majestosa embarcação do Universo, quiçá mesmo a mais esbelta da Ria de Aveiro, sulcando a Cale da Vila num fim de tarde de Inverno, frio ao que parece.

quarta-feira, março 21, 2007

Dia Mundial da Poesia (III)

Ultimo, antes de me ir deitar, xoinar, dormir, para vosso deleite e meu Tango:

"....
Te me acercas
contándome al oído milagros
de miles de leyendas
que quedaron entre tus aguas.

Me salpicas
con espumas inundadas de misterios
de otros tiempos y distancias,
con lamentos de promesas
que perdieron sus palabras
en tus bajamares intensos...

Y yo me acerco y te salpico
sabiéndome tan pequeño,
tan desconsoladamente chico,
tan solo entre mis gentes cotidianas,
que me apabullan tus mareas,
tus olas y tus resacas.

A veces me respondes...
Pero de continuo callas y resbalas
en las arenas de mi playa
que esperan impacientes tus respuestas....

...."

Da minha parte prometo praticar, às escondidinhas, debaixo das escadas e na casa de banho sem ninguém ver, entre um integral e um somatório, ou talvez entre uma altura e um azimute.
(as coisas que o Piazzolla e o Glenfidich me fazem dizer!!!!)

Dia Mundial da Poesia (II)

Muito bem Pessoal, muitos me pediram uma original e eu, que sou bem mandado, aqui vos remeto uma:

"...
Há duas coisas na Vida
A que um Homem nunca foge
Ao Amor Forte e Profundo
E Ainda não bebi nada Hoje
..."

Dia Mundial da Poesia

Ok Pessoal, eu sei que é repetida, mas, concordem, é muito bonita e muito de nós está alí....

"....
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
...."

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, março 19, 2007

Saudades

Com as minhas actuais maleitas, as saudades do Mar ficam mais fortes.
A fotografia é da passagem do São Vicente, Agosto passado, depois de três dias fundeado ao abrigo da Ponta de Sagres, com nortada rija e um sobrolho aberto.
Voltarei....

quinta-feira, março 15, 2007

A Cidade Clandestina

(a cidade clandestina)

Pois foi, é a nossa sina.
Ele foi o Duque de Aveiro de candeias às avessas com o Marquês, até nos chamaram na altura a Nova Bragança -- com todo o respeito por Bragança, de que até gosto muito, PHOENIX --, depois os Revoltosos Liberais do 16 de Maio de 1826, que acabaram todos, ou quase, nas forcas da Praça Nova no Porto, depois os Congressos da Oposicrática, quando os bem instalados do País usufruiam das benesses do Regime, os reviralhistas cagaréus apanhavam no tótiço pelo atrevimento de pensarem e escreverem, agora somos clandestinos, ou priviligeados, por vivermos à beira mar!!!!
De pé oh Cagaréus, Ceboleiros, Gafanhotos e Ilhavotos, Murtoseiros, Matolas e Vareiros....

quarta-feira, março 14, 2007

13 de Março, o dia de todos os Hospitais

A questão é simples, a resistencia fisica aos 53 anos não é a mesma dos vintes. Pois.
Paguei, estou a pagar, a factura de um fim de semana a caçar escotas a frio e de uma corrente de ar manhosa que, por baixo do estrado do poço, me atingiu as costas. Resultado, não me podendo mexer, fui até ao Zé Endireira que me estendeu ao comprido e me torceu as aduelas todas.
Enfim, melhorei um pouco, pelo menos a dor inicial ficou camuflada no meio das outras todas.
Deu-me também uns comprimidos que tomei.
E não é que a meio do almoço me senti mal, mesmo muito mal, e desmaiei.
Veio o INEM, veio o caraças, e lá fui eu outra vez de xarola para o Infante Dom Pedro.
Ele há dias....!!!!

segunda-feira, março 12, 2007

A vida é assim


(fotografias do Amandio Matisse e da Garinensis Maritimus Aquaticus)
Não fui a Montemor e perdi, ao que sei, uma lampreiada de luxo.
Fui dar umas voltinhas de barco, e ganhei uma dor de costas do caraças. Estou derreado, a esquerda alta das minhas costas têm as aduelas todas quilhadas.
Vou-me deitar outra vez.
PS: Se repararem, no trapiche do Ferry, estou e o meu Imediato.

domingo, março 11, 2007

Duvidas











Dividido na decisão de rumar a Baiona ou ir a Montemor malhar umas lampreias, a opção foi Montemor. Vamos a ver se consigo aqui colocar as MMS que fui recebendo, sim, porque acabei por não ir a nenhuma dessas partes.
A verdade é que, como só ia para MM à hora de jantar, fui dar uma voltinha ao Mar.
Ele, o Mar, estava crescidito, uns 3 a 4 metros, mas muito largos, que rebentavam com fúria na Praia.
(Se ampliarem a segunda fotografia, vê-se o cucuruto do farol)
O vento estava de muito luxo, SE de 15 nós, a permitir uns bordos lá fora, com uns "virar por davante" como há muito tempo não me lembrava de fazer.
Neste tempo todo o Machadinho, meu imediato de serviço, esteve a xoinar, a meditar.
Reentrados na Barra, fomos merendar a São Jacinto e, nem imaginava que existia daquilo alí, serviram-nos umas sapateiras pequeninas, do tamanho de navalheiras, muito frescas, que condenaram logo alí a viagem a MonteMor.
O 2º Grumete Galacho, alentejano militante e convicto, ficou-se pelos carapauzinhos que, diga-se, também estavam deliciosos.

terça-feira, março 06, 2007

AVELA














Como hoje se diz, "...já fui muito feliz neste local", o Rio Novo do Principe. Ganhei lá muitas Regatas e também perdi outras. Para quem não conhece, foi feito, a meados do seculo XIX, um canal de regularização de correntes, no ultimo troço do Vouga, antes de entrar na Ria, a que se chamou Rio Novo, em contraponto com o Rio Velho, e do Principe, porque foi um principe qualquer que o mandou abrir. Foi a melhor pista de Remo em Portugal durante muitos anos, antes de ser morto pela Portucel e pelas suas descargas (pela Celulose do Caima também). A Fotografia é de parte da flotilha da AVELA, num dos Cruzeiros dos Esteiros, que todos os anos organizamos. Aqui vêm os barcos mais pequenos e, claro, o POPA. Eu lá estou, no Lorelei, um Cornue lindissimo que era pertença na altura do nosso Presidente.

segunda-feira, março 05, 2007

4PorTango


Desencaminhado pelo Pardal, Tony na clandestinidade, lá fomos até São Pedro do Sul ouvir Astor Piazzolla.
Os gajos, 4PorTango, até tocaram bem, e o percussionista, quando se pôs a cantar o Tango do Louco até arrepiou.
Falhou a Ti Fernanda, que resolveu encerrar sem aviso prévio; foi boa a companhia do Pardal e do Licas, com quem ri às lágrimas, como se não houvesse amanhã, aqueles dois são impagáveis.
Valeu a paragem em Vouzela, onde, para cumprir a tradição, se compraram vários quarteirões de pasteis da dita, os melhores do Mundo ( seguir aos ovos móis, aos dom rodrigos, às barrigas de freira, aos papos de anjo, às encharcadas, às.....)
Valeu o jantar no restaurante de substituição, arranjado à Vasco da Gama (descoberta e aventura), que nos serviu umas gambas fritas com uma molhanga de se lhe tirar o chapeu, uns nacos de vitela na brasa, tudo acompanhado com Douro Quinta da Igreja, a condizer com a nossa condição de antigos eclesiaticos.
As versões 4PorTango do Piazzolla são de muito apurado gosto, ouvido também, e virtuosas.
Da minha parte recomendo.

POPA















O nosso Popa hoje está bom e recomenda-se, mas tempos houve em que metia água e muita.

O Veronique era o veleiro mais perto e calhou-me a mim muitas vezes por a bomba de fundo a trabalhar para vazar aquela água toda.Estou numa dessas alturas, com o Presidente Beto a olhar (também é importante olhar) e um jorro de água salgada a saír das cavernas do Popa.
Pois.



sábado, março 03, 2007

Costa Nova am Strandt















Descobri uma fotografia muito antiga, Costa Nova Am Strandt.

Nesses tempos, por influência de meus Pais, era a minha Praia. Hoje prefiro a Barra, mas era assim, fosse nas casas da Frente dos meus Avós ou nas Arrecoletas (sabem o que são?), com as cumuas(*) (e isto, sabem o que é?) de toda a gente, chegava fins Agosto e lá íamos nós, quando Papai chegava da Faina da Terra Nova.

Podem ver que o mulherio estava todo à minha volta, maninha também está lá, e todas as outrinhas em top lé, o que nos anos cinquenta era obra.

(ontem fui comer uns negalhos ao coração da Bairrada (sabem o que são negalhos?) e, para além de estarem muita bons, ouvi o sr Zé a falar e a lembrar-me o Malhadinhas do Aquilino).

(*) Gostam de Kusturika? Aparecem lá, mas são originárias da Costa Nova am Strandt.

Pois.


quinta-feira, março 01, 2007

Bisnetos

Grandes Futuros Marinheiros, os gémeos Leonor Veiga e Francisco Veiga.
Ele Imediato e Encarregado Geral de Odometros e Outros do Veronique, ela Grumete Arvorada de Quarto ao Leme e Faina Geral de Mastros e Primeira Piloto. Ou vice versa.
Já têm beliches reservados no veleiro mais lindo do Universo, quiçá mesmo o mais lindo de Aveiro, o Veronique.
Pois.