Moços de Sal

É uma história curiosa esta que vou contar. Verdadeira e testemunhada por mim, em Abril de 73, já lá vão uns anitos. Em Aveiro, durante séculos, no primeiro domingo de Abril, realizava-se a Feira de Moços. Tinha lugar na Ponte Praça e a ela vinham ranchos de rapazes de toda região da Ria justar a safra desse ano com os marnotos. A justa era macaca. Dependia do aspecto fisico, mais ou menos resistencia fisica, que os marnotos viam nos moços, o valor que se justava para a safra. Não se ganhava ao mês, mas à safra. Nesse ano de 1973 tinha saído uma norma que obrigava os condutores de motoretas a usar capacetes. Com a hipotese do roubo, miuitos motociclistas andavam com o capacete na cabeça mesmo quando deixavam as motoretas. Nesse mesmo ano de 73, nesse domingo de Feira de Moços, decorria na minha cidade um congresso do reviralho, a cidade estava cheia de bófias de choque de Lisboa, que nunca tinham ouvido falar da Feira de Moços. Esses mesmo choques estavam muito habituados às manifestações na capital, onde a malta ia para as manifes de capacete. Nesse domingo de Abril de 73, o reviralho decidiu fazer uma romagem não autorizada, a bófia de choque carrega (na altura era a doer), o reviralho baza e, à frente quem é que a bofia encontra? os moços, em plena feira de séculos, que nada sabiam do reviralho e que, por isso, nem se mexeram. A bófia carrega sobre eles, que nem sabiam o que se estava a passar. Aqui este vosso amigo estava recolhido numa garagem, a Trindade, que já nem existe, e assistiu a uma batalha campal que meteu cacetetes de uma lado e correntes de motoretas do outro. Foi lindo.