Não perca os próximos e emocionantes episódios do serviço publico SAR (Save (*) and Rescue) do NVV Veronique, num blog perto de si.
Pouco passava das 2100 UTC e saía este vosso amigo do Jorge da Vagueira onde tinha malhado uns carapauzinhos grelhados divinais, eis que recebo no Boavista Radio Controlo (BRC) um Mê Dê aflitivo do meu amigo Berna, fundeado que estava na Meia Laranja, sem máquina, sem vento e, pior que tudo, sem vinho.
Ainda desconfiei, pois estando o seu veleiro Tibariaf em seco, como poderia estar o Berna a seco também, mas na Meia Laranja?
Feita a contra prova, verificou-se no BRC que a situação impunha um despoletar rápido dos meios SAR (Save(*) and Rescue ou, como se diz no Alfeite, Busca e Salvamento).
Na verdade, o Tibariaff estava em seco, mas o Berna vinha noutro veleiro, desde Portimão e há 3 dias que não tomava banho, o que se notava pela grande quantidade de moscas à volta da embarcação.
E lá vou eu com o NVV Veronique, depois de chamado o tripulante Paulo Madail Lobo para me acompanhar nas tarefas imprescindíveis de atestar o copo do comandante de umas águas termais escocesas que sempre existem a bordo.
Feita com arte a manobra da desamarração do NVV Veronique, eis-nos a uns estonteantes 5,12 nós, 5,2 nós, vá, numa noite de luar deslumbrante e com as águas termais por companhia, pela Cale da Vila afora, em direcção ao Mar Oceano.
Ao fim e ao cabo esta era a 2ª acção SAR que fazia nas ultimas duas semanas.
Com algum esforço encontrou-se a embarcação fundeada na Meia Laranja, com uma densa nuvem de moscas à sua volta e com os tripulantes já em adiantado estado de desidratação, tendo sido necessária a abertura imediata de uma garafinha de tinto Cabeça de Burro, que me tinha sido oferecida pelos náufragos anteriores em sinal de reconhecimento.
A viagem até Aveiro foi calma, com o reboque a rebocar, a Policia Maritima a vigiar e a tripulação do NVV Veronique buar (não sei se está bem dito, mas tinha de encontrar a rima).
Chegados ao pontão da Avela, nova e arrojada manobra, em tudo identica à de buta cau, onde se amarrou com destreza a embarcação náufraga e se pôs a baixo o que restava da garrafa termal a uso.
(*) Correcção = Dever-se-á dizer Search and Rescue, é estrangeiro. Compreendam, quando escrevi esta cronicreta ainda estava sob o efeito das águas termais, e falhei no estrangeiro. Çorry.
4 comentários:
Com 2 acções de SAR (Save and Rescue) ou "safa aqueles rapazolas", vou telefonar ao meu tio, Sua Eminência O Bispo de Ourem e Fátima, para te propôr a cruz de mérito vinicula.
Acho que te fica bem.
João
Bela crónica "marinheira" Cmdt. Já tinha saudades destas suas obras literárias.Há muito tempo que não me ria tanto.
Parabens e obrigado por este momento :)
comandante, com tanto sucesso nas acções SAR, pas nas tantas ainda o nomeiam salvador do reino, ou banheiro ou nadador salvador ou coisa parecida, com tanta água que por ai se mete...
Mas afinal o Tibariaf tava em seco ou tava de molho?
abraços e bons ventos
"MAIO DIA ... MAIO DIA ... MAIO DIA... AQUI BERNA A SECO NA POSIÇÃO ... - é pá, que raio de farol é este? O de Aveiro ou de Ílhavo? - ... NA POSIÇÃO ... - oh meu, diz Meia Laranja, porra! - ... NA POSIÇÃO MEIA LARANJA".
"ALLÔ ALLÔ BERNA A SECO AQUI BOAVISTA RADIO CONTROLO A RESPONDER. TENHA CALMA QUE O PATRÃO BEIGUINHA COM CABEÇA DE BURRO JÁ BAI NO SEU SALBABIDAS BERONIQUE A CAMINHO DA MEIA LARANJA PARA O SALBAR".
E foi assim que começou, apesar da traiçoeira língua portuguesa, um dos maiores feitos nos tempos modernos de um português - sim que o patrão Beiguinha é português, a mulher é que é gallega - e que ficará gravado for ever and ever nos anais do salvamento vinícola.
Uma Cruz de Guerra para o patrão Beiguinha JÁ! Ou melhor: duas Cruzes de Guerra para o patrão Beiguinha JÁÁ!! Melhor ainda: três Cruzes de Guerra para o patrão Beiguinha JÁÁÁ!!!
E agora falando a sério, parabéns pela acção e pelo magnífico relatório.
(Obs: atenção que é "Search and Rescue" e não "Save and Rescue". Se assim fosse, lá para o Alfeite diriam "Salva e Salvamento"!)
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