As palavras são minhas, a história é do Dr. Amadeu Cachim e é contada no seu livro “os Ílhavos o Mar e a Ria”.
Se tivesse a possibilidade de a ele aceder facilmente, reproduziria sem qualquer alteração o seu texto, que é fresco como as águas da ria, mas, na impossibilidade, contarei a história, que acho deliciosa, o melhor que puder e souber.
Era hábito, no primeiro quartel do século passado, saírem da ria umas embarcações em direcção a Lisboa e ao Tejo, carregadas muitas vezes com sal, a que se chamavam enviadas, tripuladas por dois homens.
Essas embarcações ficavam muitas vezes pelo Tejo uma vez descarregadas das suas mercadorias.
Uma dessas enviadas era comandada pelo mestre Tomé Ronca, que um dia se dirigiu com um seu acompanhante para a barra de Aveiro com destino a Lisboa.
Chegado junto ao Forte Velho, a umas duas milhas da barra, como o vento e a maré não estivessem a ajudar, encostou à espera de melhor ocasião para sair a barra.
Deu então conta que se tinha esquecido da almotolia do azeite para temperar o peixe e as batatas. Como não se previa mudança de ventos e marés de imediato, prestou-se o seu único acompanhante a ir numa corrida a pé a Ílhavo, distante dali escassos 6 km, buscar a preciosa almotolia.
Aconteceu então que, ainda o outro não tinha tido tempo de chegar a Ílhavo, o vento rodou para NW e o mestre Tomé Ronca não se fez rogado, içou velas e lá seguiu ele sozinho, mar afora, rumo a Lisboa.
Quando o seu acompanhante chegou de Ílhavo, já munido da almotolia do azeite, e vendo que o mestre Ronca já tinha largado sozinho para Lisboa, comentou para si:
“Raio do Homem, como é que ele se vai ver na viagem sem a almotolia do azeite….”
2 comentários:
Excelente, venham de lá mais destas Comandante.
Claro que toda a gente sabe que almotolia é uma peça de palamenta essencial a bordo de qualquer barco.
Porém os tempos mudam e agora, em vez de cheia de azeite, o mais comum a almotolia de bordo estar cheia de óleo 10W40 semi-sintético, cujas nódoas, é sabido, são levadas da breca de limpar das velas... :)
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