sábado, abril 26, 2025

Os primeiros dias



 Foi das primeiras vezes, que me lembre, que vi o Veronique,  ia na lancha da carreira para São Jacinto e o gracioso veleiro estava amarrado ao António Cação, um pangreleiro que estava a ser desmantelado.

Tinha ainda registo em Hamburgo,  leme de vento e um dinguy no convés da proa.

O sr Poeftcher tinha tido o acidente nesse inverno, que resultou na sua morte,  que relato num post do Ventosga.

Pouco depois o Mestre Alberto encalhou-no no varadouro, e foi lá que o adquiri com o meu Amigo Juca (Jorge Henriques)

À sua ré está o Barconauta, do Piaget, que seguiria para as comemorações da chegada (oficial) dos Portugueses  ao Brasil poucos dias depois.

Aqui ainda armava com pano redondo no traquete, manifestamente inadequado para aquele casco. Passaram depois para sloop.

domingo, abril 20, 2025

Milagre de Páscoa


 

Como já referi, os domingos de manhã são mágicos, os de Páscoa também.

Revisitei, estou a revisitar, Abreu Freire, ribeirinho como eu, murtoseiro e marinheiro, que conheci aquando da comemoração dos 500 anos da chegada, oficial, dos Portugueses ao Brasil.

Com Freire revisita-se também António Vieira, padre jesuíta que também andou por terras de Vera Cruz e que foi mestre na escrita e a quem todos muito devemos.

Devo dizer que foi com Freire que comecei a ler António Vieira, depois dos textos da Selecta.

"Jesus Cristo, na sua imensa sabedoria e poder, com tantos e difíceis milagres, não lhe é conhecido ter salvo um louco, ou um imbecil", donde se infere que curar um leproso está num patamar diferente de curar um louco. (está feito o sr Donald).

O prof Abreu Freire, uns anos depois de ter levado o Barconauta para o Brasil, fez a viagem em sentido contrário num sloop de 50 pés,  o Chic, uma boa parte em solitário. Deu origem a um outro livro seu, o Diário de Bordo.

Solicitou amarração por duas semanas a um clube da Ria, que lho negou, muito certamente por se tratar de uma actividade náutica, meter barcos e Mar, e o sloop do prof Abreu Freire, ao que constava na época, não vir carregado de moscatel torna-viagem. Lamentável preciosismo que privou a cidade de Aveiro do convívio com um filho da Ria.

sábado, abril 19, 2025

Para dias cinzentos


 Literatura de viagens, pelo Mar Oceano, claro.

Estes são alguns dos títulos cá de casa, óptimos para dias enublados já a ouvir o rugir do Mar aqui ao lado.

Se Deus quiser e a Polícia deixar, no fim deste mês até meados de Maio vamos subir o Guadalquivir até Sevilha, onde a minha tripulação vai à Féria e à Maestranza e eu vou ficar pelo gracioso Sterna, pelas tapas andaluzes e pela última aquisição na Fnac, há instantes, o Religião sem Deus, por indicação do Vaz Marques.

Regressando à Ria já está marcada amarração na Torreira a 18, já tomei a minha decisão, já não estou nos indecisos, decididamente não vou nem para Lavacos nem para a Cale do Ouro.

quinta-feira, abril 17, 2025

SENTIDO DE VOTO

 Sinto-me  um dos indecisos para o próximo dia 18 de Maio.

Ainda não consultei a tábua das marés, mas estou indeciso entre a Cale do Ouro, a Torreira ou o Muranzel.

Decididamente para a baía de Lavacos não vou, não me apetece levar com a nortada em cima.

Em boa verdade um gajo como eu, com a minha idade e experiência, tinha obrigação de já ter decidido para onde ir no domingo 18 de Maio mas, élás, ainda vou ver para onde irei fundear nesse fim de semana.

Ainda tenho o cenário de me meter no Alfa e ir até ao Sterna. " Paulatim deambulando longum confictur item", como diria o meu amigo o padre Jeremim Barreiros.







segunda-feira, abril 14, 2025

Saga à Berlenga

Corria o ano da graça de 2022 e tinhamos rumado às ilhas Mágicas.

Com escala na Nazaré, largamos no dia seguinte para a Berlenga, onde nos esperava um magnifico ensopado de choco no Sol e Mar, que já tinha sido do meu Amigo Arnaldo.

O Mar estava trapalhão, desencontrado. A manobra de fundear correu bem mas, comedido como sou, deveria ter largado um pouco mais de corrente, para aí o dobro.

Transportados a terra por um dos taxis que lá operam, iniciei, eu e o first mate sr António Marinheiro, o nosso almoço que, se ainda não disse, era composto por um ensopado de choco e acompanhado por um branco da Verdelha de dar vida a um batalhão de mortos.

E eis que toca o telemovel. Era um amigo a informar que o Veronique   estava a ir à garra. "...já obtive essa informação", retorqui não me acreditando no que me diziam.

Só que poucos minutos depois telefonaram-me de novo, com a mesma informação.

Era sério, conclui.

Pagamos  rapidamente e aí vamos nós, ilha abaixo, já com o camarada do taxi pronto para nos levar ao fundeadouro. 







sábado, abril 12, 2025

Descida da Ria


 A Descida da Ria foi um evento desportivo criado pelo Clube dos Galitos no fim dos anos oitenta, consistindo de uma regata de fundo entre a Torreira e São Jacinto.

Coube-me a organização desta regata nos inícios dos anos noventa, se não me engano a 3ª e 4ª edição.

Posteriormente foi reduzida a distância da regata, com largada no Muranzel e chegada em São Jacinto.

Depois ainda se fez, pelo menos uma edição, no Canal de Mira, entre a Vagueira e a Costa Nova.

Seria talvez a mais icónica regata de fundo do Remo Português.

Seguiram-se muitos anos em que a regata foi esquecida.

No ano passado o Clube dos Galitos resolveu reeditar a "Descida" com um formato entre o contra- relógio e o match-racing.

Confesso que não gostei, nem gosto. As condições de vento e de maré mudam a cada instante na Ria, na Cale da Vila também, o que tem implicações determinantes nos tempos que as tripulações vão registando.

Conseguiu-se trazer a regata para dentro da cidade, com público, mas sequenta. Não é pera doce estar na margem a assistir às equipes a passarem a remar sozinhas.

Não fiquei cliente.

sexta-feira, abril 11, 2025

Academia de Saberes de Aveiro

Bem, cá estamos na Academia de Saberes, a fazer uma apresentação sobre os Caminhos de Santiago, o Português em particular, o Maritimo das Cunchas em concreto.

Peregrinação para ateus místicos, numa versão  cristã do caminho celta ao fim do mundo, Finisterra, que eu fiz, de veleiro em 2011 e 2012, numa organização do Liceo  de Bouzas.





O meu Amigo J Belo fez a primeira parte, com a apresentação da Nau Portugal e o seu fulgurante Bota-Abaixo em Julho de 1940.





quinta-feira, abril 10, 2025

Os caminhos de Santiago

A cristianização dos rituais politaistas anteriores  a Constantino deram na proliferação de santos para todos os gostos, de preferencia oriundos das realezas europeias coevas.

O caminho de Santiago foi, durante séculos, o caminho Celta do Fim do Mundo, a Finisterra, ou Fisterra em  Galego. Ainda hoje é.

De qualquer forma não se pode comparar a peregrinação a Santiago à peregrinação a Fátima.

Calcorreiam os caminhos de Santiago gentes de diferentes credos, ou sem credo nenhum, numa busca de si próprios, em meditação de auto-suplantação.

Nós fomos de veleiro, devidamente certificados pelo Arcebispado, com o compromisso único do respeito e das milhas percorridas até à Ria de Arosa.

Por isso se inicia o caminho em aguas lusas.