quinta-feira, outubro 19, 2017

Uma saída da Barra de Aveiro, Fevereiro de 2001

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no ultimo fim de semana, para variar, fui para o Mar. O Mar, como já disse, é o principio e o fim de tudo, ou, como diria o nandinho, "..deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas foi nele que espelhou o céu..."
sábado, ao fim da tarde, larguei em direcção à baía de s.jacinto, onde fundeei e dormi. 
Domingo às sete levantei-me, tomei um bom pequeno almoço, VHF no canal 8 (o canal das traineiras) e...
--- aqui embarcação de recreio Veronique chama mestre costeiro para informação metereologica..crrrr
--- responde navio motor Mestre Ribau, diga Veronique...crrrr
--- mestre, estou à saída da barra de Aveiro, pretendo navegar até à Galega ou até Matosinhos, como está o Mar aí fora? crrrr (aqui sou eu a perguntar)
--- pode entrar à vontade, o Mar está bonançoso de sudoeste e com vento do mesmo quadrante força 2, terminado, diga se ouviu . crrrr
( o crrrr é o barulho que o VHF faz no fim da transmissão)
--- obrigado mestre, já agora como se chama ? crrrrr
---- Alcino Monteiro do motor "Mestre Ribau" crrrr
--- obrigado mestre, aqui é joão madail veiga do veleiro Veronique. Boa pesca e boa navegação crrr
---- boa navegação para vocês também, terminado crrrr

Ainda dentro da Ria, a cerca de meia  milha da barra, de binóculos, constatei que efectivamente o mar estava bonançoso. Esqueci-me porém da fortíssima corrente que ali se fazia sentir, a meio da maré, na maior força da vazante, cerca de 4 nós ( 4 x 1,852 km/hora ).
No meio da corrente, mesmo à saída da Barra, apanhei 5 ondas de quatro metros que testaram o Veronique, e de que maneira !!!!
O veleiro galgou a primeira parede de agua, vacilou lá em cima e disparou em direcção ao centro da terra, mergulhou a proa completamente dentro de agua e saltou fora, como uma  baleia a respirar, com grandeza.
Tudo saltou dentro daquele barco, garrafas pelo ar, instrumentos aos tombos, enfim, um pandemónio.

A barra é a de Aveiro, mas foi numa entrada, também com SW e vazante rija.

Era impossível reentrar naquela barra. Coloquei então a hipótese de rumar a norte, a leixões, onde a quase inexistência de correntes torna a barra muito fácil.
Não foi necessário, o Mar estava mesmo bonançoso, era só ali que estava complicado. Liguei aos pilotos da barra pelo canal 14, que me sossegaram, as previsões eram muito boas, era só esperar pela mudança da maré, que o Mar baixava logo na entrada da barra. Eram 8 e 30 da manhã.
Esperei a mudança da maré, às 11h20, e reentrei por volta das 13 com o Mar como a  Ria, muito calmo...enfim, para contar aos netos.
Entretanto para gozar aquele Mar delicioso fui até ao largo da praia da Torreira,  cerca de 8 milhas ao norte, com pouco vento e ondas  de 2 metros, mas muito largas.
espero que a história trágico marítima vos  tenha, pelo menos distraído, e, desta vez, seja inteligível.


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