"... Pois nós que brigamos com o Mar, oito a dez dias a fio numa tormenta, de Aveiro a Lisboa, e estes que brigam uma tarde com um toiro, qual é que tem mais força ?.."
segunda-feira, janeiro 07, 2008
A Feira dos Moços
Foi costume na minha terra, muitos e muitos anos,no primeiro domingo de Abril, fazer a Feira dos Moços., bem no centro da cidade, alí na Ponte-Praça. Nesse domingo, aproveitava-se a Feira de Março a correr alí ao lado, no Rossio, e os Moços de Sal desciam a Aveiro vindos das terras ribeirinhas da nossa Ria. Vinham das Murtosas, de Vagos, Calvão e Mira sobretudo. Alí, perante os Marnotos, justavam a safra do Sal. Não ganhavam ao mês ou à semana, mas à safra, que ia da Primavera ao inicio do Outono. Nesses dias de Abril de 73, Aveiro, a cidade do reviralho, recebia o 3º Congresso da Oposicrática e eu, jovem estudante de Coimbra, a estúpida, estava, claro, do lado do reviralho. Nesse domingo, o primeiro de Abril, o Congresso decidira ir em peso ao cemitério, romagem tradicional aos mortos cagaréus reviralhistas e abentalistas. (por acaso o principal falecido a visitar, apesar de ter vivido quase sempre em Aveiro, era de facto de Ilhavo) Os moços, do Sal, esses, não era nada com eles. Estavam alí, na Ponte-Praça, a fazer o que já faziam há pelo menos uns bons 400 anos. De diferente, nesse domingo de Abril, eram os capacetes das motorizadas na cabeça, recentemente tornados obrigatórios pelas policias, e facilmente roubáveis se deixados nos motociclos. Do outro lado as policias de choque, da capital, habituadas a correr e a bater em manifestantes equipados de capacetes de motorizada na cabeça. As policias, essas, começaram a descer a Avenida Lourenço Peixinho, no sentido da Ponte-Praça, onde os romeiros estavam em marcha. Os romeiros, eu estava no meio, acoçados pelas policias, deram às de Vila Diogo, basaram, piraram-se, baldaram-se, ante os cacetetes e os cães das policias, e eu também. Quem não tinha nada a ver com aquilo eram os moços de Sal, no local onde, se ainda não disse, pelo menos há uns bons 400 anos, justavam a sua safra. Quem não sabia da safra eram as policias de Lisboa. Eles alguma vez ouviram falar da Feira dos Moços??!!!!
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6 comentários:
assim não vale!! censurado?
assim ficamos sem perceber a história...
Boa sorte para todos os participantes do sorteio Luso Galego. De facto já ganhamos todos em termos de amizade e comunicação...
Apesar da censura, dá para imaginar... boa história!
Gustariame pensar que os moços de Sal bateron ben duro nas cacholas dos policias.
Apertas
Os boletos agraciados no Sorteo CM da Amizade Galego-Portuguesa celebrado hoxe sábado 12 de Xaneiro de 2008 na Libraría Sisargas exercendo de man inocente o noso libreiro Roberto Castro, son os seguintes:
1- Joao Quaresma- Lanchas e dornas
2- mch- O Patrimonio Marítimo de Galicia
3- Julio Quirino- O Bote Polbeiro de Bueu
4-Rute&Joao- A Odisea
Os amigos e amigas que participando nos blogues promotores de Portugal tivéchedes a sorte do voso lado, tendes que porvos en contacto cos promotores do sorteo a través de calquera dos nosos blogues, para proporcionarnos os vosos enderezos postais e procedermos ao envío por correo do libro que vos corresponde.
JFMV,
Nestes tempos do reviralho, que foram muitas e muitas vezes referidos como tempos do caraças, eu estava já na capital, ou nos arrabalbes, como soe dizer-se; E por lá descobri a tal policia que sabia bater nos capacetes, a uns poucos Kms de casa, em Oeiras, essa bela localidade, que, como já te disse, do seu castelo altaneiro sobraceiro ao Tejo, mira Sintra. Mas não foi para falar dos cacetes ou a falta deles, que aqui vim, meu caro, foi mais para te lembrar que do outro lado rio, já concelho de Ilhavo que tu renegas aqui,também havia daí vinham , os tais moços de sal, que trabalhavam à safra,e, por virem de tão perto, eram da casa... Daí não se falar deles.... Digo eu....
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