Texto antigo, que me chegou às mãos há uns anos, de uma médica, e que veio a talho de foice no almoço de hoje...
"...
Juntando  algumas
das pedrinhas soltas da nossa conversa de hoje e pensando naquela tua imagem de
estares despido sem o teu barco, e sem rumo fora do mar….recordei uma história
que ouvi contar ao meu pai, naqueles tempos em que a juventude me permitia que
as histórias ficassem na memória...dizia ele que um dia lhe entrou pelo
gabinete lá nos Açores , o amigo Damião, conhecera-o anos antes, nos tempos em
que ele esteve a trabalhar na nossa terra, e o inesperado daqule reencontro....
agora  com a situação invertida, era o
ribatejano que se encontrava deslocado naquela linda ilha no meio do oceano, lá
na terra dele, e o açoreano não podia estar mais espantado dizendo com aquele
sotaque tão peculiar –“É homem então você está cá?”
E foi nessa altura que lhe confessou as saudades que,
perdido lá no meio de tanta terra,  lá no
ribatejo,  sentia da sua ilha e sobretudo
daquele mar imenso ...e  na   altura
em que as chuvas de  inverno faziam  subir as águas do rio e os campos ficavam
inundados,...aí  ele ia para cima da
ponte e sentia que respirava melhor rodeado de toda aquela água que cobria  a planura da lezíria, aquela água a perder de
vista...e assim recuperava um pouco as forças para continuar ..longe ...era o
que de mais parecido encontrava com a imensidão do seu mar.
..."
21 de Dezembro de
2004-12-21
 Luisa Rosa  
 
