quarta-feira, janeiro 31, 2007

Interludio

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Os carteiristas andam aí

Do Diário de Aveiro de hoje o artigo:

"...

Ria de Aveiro: Clubes náuticos temem fecho devido às novas tarifas
Os clubes náuticos da Ria de Aveiro temem o encerramento devido às novas taxas pela ocupação do leito e das margens da laguna. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro nega «aumentos astronómicos» do tarifário


As taxas a pagar pelas entidades que ocupam o leito e as margens da Ria de Aveiro podem conduzir ao «inevitável encerramento» de alguns clubes náuticos da região.
Seis associações locais com actividades na laguna aveirense – Associação Aveirense de Vela de Cruzeiro (AVELA), Clube dos Galitos, Clube de Vela da Costa Nova, Náutica Desportiva Ovarense, Associação Náutica da Gafanha da Encarnação e Marina Clube da Gafanha – dirigiram uma carta ao ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, Francisco Nunes Correia, advertindo para as consequências que a aplicação das novas taxas trariam às entidades que ocupam uma área com 110 quilómetros quadrados nos concelhos de Aveiro, Ílhavo, Vagos, Murtosa, Ovar e Mira.
As entidades requereram uma audiência ao governante para obter esclarecimentos sobre esta questão. No documento, a que o Diário de Aveiro teve acesso, os clubes e associações náuticas e desportivas sem fins lucrativos lembram que, em 14 de Dezembro do ano passado, foi publicado em Diário da República o Despacho 25 522/2006, que fixa as taxas a pagar pelas pessoas e entidades que usufruem do leito e das margens da Ria na área que foi retirada da jurisdição da Administração do Porto de Aveiro (APA).
Segundo os subscritores, o despacho é «omisso» quanto à taxa que irão ser obrigados a pagar, o que é entendido como «um lapso na redacção» da norma, uma vez que as instituições não se revêem em «nenhuma das alíneas» da disposição governamental.
As entidades que assinam a carta estranham, por outro lado, que as novas tarifas «não tenham tido em consideração as taxas anteriormente aplicadas pela APA», que se encontra «implementada no terreno há longos anos e com um conhecimento mais profundo da realidade local».
«Face à omissão no dito despacho de uma referência aos clubes e associações, temos o justo receio que venha a ser aplicada ou a taxa prevista para as actividades recreativas (10 euros/metro quadrado) ou a taxa prevista para os outros casos (um euro/metro quadrado)», lê-se no texto endereçado a Nunes Correia.
Os subscritores advertem que qualquer uma das possibilidades implicaria um «aumento injustificado e incomportável» para as associações, algumas das quais poderiam não sobreviver. A aplicação da taxa de 10 euros por metro quadrado representaria aumentos que iriam de 2.600 a 12.500 por cento, e de 260 e 1.250 por cento no caso de a taxa aplicável ser de um euro por metro quadrado, denunciam os clubes. A AVELA, por exemplo, pagava 650 euros anuais e, de acordo com o novo tarifário, passa a desembolsar 16.500 euros.
O Clube dos Galitos, por sua vez, passa de 250 euros para 35 mil euros.
Quanto ao Clube de Vela da Costa Nova, passa a pagar 210 mil euros, contra os 350 euros cobrados até agora. As seis associações que operam na laguna aceitam a manutenção das taxas que eram cobradas pela APA, com uma «eventual actualização calculada pela taxa de inflação».
As associações salientam que as instalações e infra-estruturas das instituições locais são, na sua generalidade, construídas e mantidas com recurso ao «trabalho e dinheiro» dos associados e dirigentes, que asseguram por «carolice» a sobrevivência das entidades.
Os clubes dedicam-se à «dinamização» da Ria, quer através da realização de provas desportivas e formação de atletas (alguns de alta competição), quer através de «acções de cariz social», referem. José Manuel Martins, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), disse ontem ao Diário de Aveiro que o despacho com o novo tarifário não passa de uma «disposição transitória» até ser implementado o novo regime económico-financeiro, actualmente a ser «ultimado».
Quando o novo regime entrar em vigor, são anulados os efeitos do despacho, esclareceu.
O responsável explicou que a APA perdeu para a CCDRC, no ano passado, a jurisdição sobre uma vasta área da Ria de Aveiro. «Entre a queda da jurisdição da APA e o novo regime económico-financeiro, previsto para breve, verificou-se um hiato que fez com que a CCDRC pedisse um despacho ao Ministério para que desse orientações sobre as taxas a cobrar pela utilização dos recursos hídricos», declarou José Manuel Martins.
O vice-presidente da CCDRC – que esta semana se deslocou ao Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional para ser esclarecido acerca do teor do despacho, visto que várias associações locais lhe manifestaram preocupação sobre as taxas – nega, contudo, que o tarifário provisório implique «aumentos astronómicos» para os clubes que não dispõem de «zonas comerciais» no domínio hídrico.
As «actividades recreativas» estarão a salvo das maiores subidas, garantiu ao Diário de Aveiro.
José Manuel Martins assegurou ainda que as variações de preços são «moderadas».
Rui Cunha
..."

As actividades recreativas estarão a salvo, dizem, e as pessoas que há gerações habitam, sem qualquer luxo ou privilégio, as margens da laguna? Vão ser tratadas como os clandestinos da Ria Formosa, os vendedores de cervejas nas Praias Algarvias ou os ricaços que constroem vivendas nas falésias da costa vicentina?????

As Invejas do Armador















O Christophe, esse malandro, continua a criar em mim um sentimento esverdeado que, a continuar assim, ainda me vai fazer gastar muito dinheiro em psicanalistas.
Será Inveja?
Em baixo a ultima carta dele e uma das fotografias, desta vez nas Bahamas.
Phoenix.

"...
Bonjour à tous

Aie, le syndrome de la page blanche guette....par quoi bien commencer.
Blanc comme neige, comme écume aussi, la transition est bien facile, c'est Noel, voilà, nous y sommes, cette date calendaire nous rappelle qu'une partie de la planète se veut de glander, de se réunir et de s'empiffrer pour la majorité des français.
Téou est en Mer, le réveillon se joue sur la grande Bleue, aussi "Bonnes Fêtes à tous".
Ici aussi, la fête bat son plein, depuis le 21. Et oui, nous sommes fêtards dans la famille, trop peut-être, on titube depuis notre départ des Bahamas.

Après une traversée sur le Grand Banc correcte, les retrouvailles en eaux profondes ne furent pas si chaleureuses, l'accueil plutôt glacial, des seaux d'eau nous rafraîchissent de manière irrégulière mais spontanée, la Mer est désordonnée, le cata chahuté, ils ne nous restent plus qu'à s'accrocher et ramasser tout ce qui dégringole autour de nous.
Heureusement, cela n'a duré que 30 heures. C'est si peu dans une Vie, et bizarrement si long quand cinq minutes te suffisent à comprendre que le près serré n'est pas ton ami. Trente heures allongé sur la banquette pour écouter son bateau gémir, te lever c'est prendre le risque d'inverser les rôles.

Mais ce choix, tu ne l'as plu si tu as oublié de fermer tes capots de pont, ou jamais songer que ces vagues sournoises désireuses de participer à la fête, s'infiltrent par le conduit de cheminée, normal, c'est Noel, alors merci, en plus du rinçage à l'eau de mer de ce chauffage inoffensif sous ces dîtes latitudes, nous avons eu le ramonage gratos...bref, comme nous, la moquette baigne à son tour, la suie la colore...
Ce 21 et 22 Décembre, nous aurons le lot de consolation et pas des moindres, puisque nous réussirons sur un bord unique, à rejoindre le fameux Windward passage, entre Cuba et Haiti. Là, le vent s'écroule, la mer houleuse continue à donner le rythme. Juste le temps d'espérer que cela puisse s'arrêter, et c'est repartit de plus belle, 30 noeuds d'Est, cette fois, notre cap a changé, plein Sud, nous glissons ces belles vagues par le travers...

Ouf, celles-ci sont plus polies, elles frappent avant de s'incruster lourdement à bord, sympa, elles en profitent pour remettre de l'ordre sur le pont.
Elles s'inscrivent dans la philosophie du bord "l'allègement". Adieu gaffe, jonc de lattes etc etc...
Autre invité lunaire, ce poisson volant éclaté sur le plexiglass du carré, désolé vieux mais le Père Noel ne t'as pas invité à passer par la cheminée. Et la nuit continue de siffler, bien noire, dame Lune est absente, en congé elle aussi.
Vous voici arrivés chez les uns et Nous, chez les autres, les Indiens Kunas.

25 Décembre au petit matin, nous embouquons la passe du récif d'Hollandes Cayes, heureux de se trouver enfin en eau plate, parsemée de petites îles éparses, toutes couvertes de cocotiers. Juste le temps d'immobiliser le cata sur son ancre, d'apprécier le calme de cette carte postale, qu'il nous faut réfléchir au menu...poissons, langoustes ou crabes géants???
La spécialité locale étant le crabe, pourquoi se priver, baignade et cueillette de deux d'entre eux sur le récif, belle manière d'allier le plaisir à la nécessité.
Depuis ce soir de Noel, le temps à filer, retour aux réalités, nous nous devons de faire notre entrée officielle, sauf que Mr le douanier est absent, retour prévu le 2 Janvier...aujourd'hui 28 Janvier, nous ne nous sommes toujours pas croisés.
Notre premier Charter débuta le 30/12, 4 Italiens sont venus découvrir ce paradis, les approvisionnements nous furent envoyées la veille par avion depuis Panama , ici sur les îles, nous achèterons l'eau douce, le pain Coco et quelques légumes. Ces îles en dix ans, ont vu l'arrivée des groupes électrogènes, qui dît électricité, dît télévision du soir au matin, musique pour certains, les congélateurs eux sont au gaz, normal, ils renferment les caisses de bières Balboa. L'échange n'existe plus, le dollar est de rigueur, les molas se vendent, les touristes de plus en plus nombreux chaque année, sans le savoir, vont détruire la magie du lieu.
Vous contez les San-Blas en quelques mots est bien difficile, tant la place est belle, les Kunas souriants et tranquilles...Timéry est notre laissez-passer permanent, à peine posons nous le pied sur une île habitée par quelques familles, que les enfants nous l'accaparent, la nuit du Jour de l'an, elle finira même par s'endormir dans le hamac au beau milieu d'une famille Kuna sous leur hutte.
Les îles sauvages nous abritent bien de l'alizé, le récif est énorme et très protecteur de la houle du large, la vie sous-marine encore bien vivante et très colorée, il n'est pas difficile de choisir son menu et même si on oublie de pêcher, les pêcheurs Kunas passent en Cayuko vous approvisionner pour quelques dollars de Poulpes, langoustes, crabes ou poissons.
Seul défaut de ce paradis, une petite partie de ces îles est couverte par le réseau GSM, et Internet est inexistant, d'ou notre silence total le mois dernier. Aussi pour vous glisser ces dernières nouvelles, nous avons quitté la place pour longer la côte nord panaméenne et atteindre « Isla Linton », de là, il nous est possible de laisser le cata en sécurité pour prendre un bus et filer à Panamacity, afin que cette lettre quitte notre ordinateur….et que l’on puisse lire et répondre à tous ceux qui écrivent.
Après ces quelques jours de civilisation, Téou filera de nouveau aux San-Blas, toutes cales pleines pour profiter tranquillement de ce petit coin de la planète, en famille entre amis ou en charter, et ce jusque fin Mai minimum .
Voici notre contact possible, un SMS ou un message vocal sera toujours le meilleur moyen de nous laisser une info : 00 507 66 50 83 22
Bonne continuation à tous, les singes hurleurs se joignent à nous pour vous glisser la bise, à bientôt.
Amitiés
..."


quarta-feira, janeiro 24, 2007

Guarda Patrão













Muita surriada levei nestes anos.
O Guarda Patrão velhinho do Veronique estava tão estragado que há três anos resolvi substitui-lo. Fui ao barato e o resultado foi uma coisa disforme que me obrigava a entrar de gatas na gaiuta do veleiro.
Era tão chato que a opção, muitas vezes, era não o armar, levando com a surriada em cima.
Agora tenho um novo, mas em bom.
Digam lá se não ficou ainda mais bonito o mais bonito veleiro do Universo, quiçá mesmo o mais bonito de Aveiro.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Mudando momentaneamente




Um marinheiro em terra anda como que, sempre, mareado, ou dir-se-á 'terreado'???

Na passagem de ano, entre o bacalhau com broa de Mestre Victor Sobral e os lombinhos com rizoto de queijo, apresentaram-me uma mistela parecida com gemada e salsa.

Ainda me avisaram a tempo que não era isso. Tratava-se afinal de um refresco de maracujá com ortelã, o tira-gosto.

Estava bom, diga-se. Nada que chegasse a uma atunzada com oregãos feita no meio do Atlântico, mas, enfim, bom.

Homens e Mulheres da Ria, levantemo-nos contra o CCDRC/DRAOT

De pé Oh Gentes da Ria.....
Do JN de hoje:

"...
Piscicultores podem abandonar a ria
Licínia Girão

Os piscicultores da ria de Aveiro dizem que com a aplicação das novas regras impostas pelo Ministério do Ambiente, a reprodução e apanha de amêijoa se torna impraticável.
Por cada quilo de amêijoa que vendiam a um euro, têm agora de gastar cerca de dois euros. Já não criavam amêijoa fina, que vendiam aproximadamente a 30 euros por quilo, por causa dos roubos e da pesca clandestina que afectava o negócio.
Se o Governo avançar com novas taxas afirmam que só lhes resta abandonar a actividade.
Os piscicultores pagavam até agora à Administração do Porto de Aveiro (APA) um cêntimo por metro quadrado da área que exploram. Com a passagem da jurisdição de alguns espaços da Ria para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Centro (CCDR) terão de pagar a esta as novas taxas impostas pelo Ministério do Ambiente e que chegam a cinco vezes mais.
Os criadores consideram estes valores "absolutamente irrealistas e absurdos".
Em causa não estão só os aumentos sobre a exploração no leito de água propriamente dito, mas de taxas muito mais inflaccionados para as infra-estruturas de apoio e que podem chegar aos 12 mil por cento.
"Se abandonarmos a actividade, aquele que é considerado o melhor habitat da Europa para a reprodução de amêijoa e ostras ficará "de vez abandonado".
A indignação manifestada nos últimos dias pelos utilizadores da Ria - que têm vindo a receber cartas da CCDRC onde lhe é pedido que renovem o alvará e se sujeitem a pagar os valores a que forem taxados sem que lhes seja dada a informação dos montantes - levou os autarcas da região a pedirem uma reunião de urgência ao ministro Francisco Nunes Correia.
Os dirigentes de clubes náuticos enviaram ontem uma exposição para o governante com o propósito de o alertar para o facto de que, com estes valores, as actividades piscatórias, lúdicas, desportivas e recreativas acabarão na Ria.
Dizem-se conscientes de que só se pode tratar de um lapso, mas pedem explicações, até porque existem casos em que num espaço de meia dúzia de metros uns pagam à APA os valores até aqui cobrados e os outros à CCDRC as novas taxas.
Apesar dos contactos, o JN não conseguiu ontem falar com os responsáveis do Ministério do Ambiente sobre o assunto.
..."

sábado, janeiro 20, 2007

Referendo

O Mar Adentro / Ventosga raramente toma posições politicas e nunca partidárias.
Desta vez, contudo, quero contribuir com uma ideia que tive e que podia resolver este problema da penalização/despenalização da IVG.
E é simples:
Em vez de despenalizar a mulher que IVGia, penaliza-se o homem que a engravidou, isto é, iam os dois para a cadeia.
Era fácil, à mulher bastava-lhe dizer que a tinha engravidado, o que seria fácil provar com as tecnologias hoje disponíveis, e, moralmente, seria muito mais justo, pois, à excepção de algumas lesbianas que compram esperma em bancos suiços, o método convencional ainda é o mais usado para a procriação.
Como os legisladores são homens, muito rapidamente lhes calharia a eles, ou aos filhos, irem para a cadeia, e, nessa altura, alguma lei diferente da actual seria parida, mesmo sem referendo.

É ou não uma boa ideia???

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Contributo

De um Amigo de Ovar que navega connosco muitas vezes e devidamente identificado, recebi o email abaixo:
"....
O SAQUE DO MINISTRO
Caro Amigo,
Compreendo, e apoio incondicionalmente, a indignação manifesta no teu blog ao Despacho 25522. Certamente que este vai ficar na história do nosso pseudo País de Marinheiros como um acto de insanidade mental do actual Ministro ou, e ainda mais grave, de total e manifesta ignorância. O que em qualquer ministro, mesmo que pouco conhecedor do seu país e dos seus dossiers, é intolerável.
E, o que penso é tão-somente o que referi, pois não consigo acreditar na aplicação prática de tal despacho. A verificar-se, a generalidade dos ancoradouros transitariam necessariamente para gestões comerciais, gestões estas já falidas à partida (a não ser, que conseguissem enquadrar-se numa qualquer actividade industrial pagando €2,00/m2). Pois quem seriam os seus utilizadores? A nossa Ria de Aveiro possui elevadas barreiras físicas à sua navegabilidade (pontes, escassez de caudais de águas, secos, enfim……). Os navegadores que poderiam, eventualmente, suportar os custos decorrentes da aplicação das taxas “imaginadas” pelo Senhor Ministro, passam ao largo da nossa Barra. Pois que, na Ria, não existem condições para atracar esses barcos.
Seria interessante convidar o Senhor Ministro a visitar a nossa Ria de Aveiro. Poderia acontecer que este Senhor tivesse que se atolar nos lodos para safar um seco…..
Abraço

...."

Pensamento do dia, o Despacho 25522/2006

Se me lembrar de abrir um boteco na praia para vender cervejolas a € 2,50 e por isso tiver de pagar pelo espaço € 10,00/m2, às tantas além de justo é pouco. Estou a ocupar um espaço que não é meu, é de todos, terei de pagar à comunidade por esse direito.

Mas se eu tiver comprado o meu espaço num dos inumeros terrenos ribeirinhos aos canais da Ria, que por aqui são a maioria, tiver pago os impostos respectivos à comunidade, a SISA à entrada e a Contribuição Autárquica todos os anos, porque carga de agua vou ter de pagar ainda mais ao ambiente, à APA ou a quem quer que seja????

E mais, porquê pagar € 10,00/m2 ????
Uma pequena vivenda tem facilmente 1.000 m2 com o terreno circundante.
1.000 m2 x €10,00/m2= €10.000,00/ano !!!!!! Em cima do IMI/C.Autárquica.

A que propósito?!!!!!

terça-feira, janeiro 16, 2007

LADRÕES

Desculpem-me os Amigos, mas não me ocorre outra palavra para definir quem escreve e assina um despacho como este, o 25522/2006.
As margens da Ria de Aveiro são, desde sempre, desde que a Ria é Ria, habitadas por gente de trabalho, que amanharam estas terras, que navegaram por esse Mar fora para a Terra Nova, Groenelandia, Barentz, para os mares das Maldivas e ainda mais longe, construiram as suas casas junto às águas, não por luxo, mas porque o Sal lhes estava no sangue, porque precisavam da Água e do Sal para viverem.
Essas gentes fizeram associações náuticas para as populações. Põem os miudos a andar de optimist e de laser, a remarem nos skiffs nos quatro e nos oito, a pagaiarem nos kapas, não pagam fortunas a brasileiros e argentinos para darem uns chutos numa bola ao fim de semana, mas pagam do seu bolso as instalações e embarcações para os nossos atletas.
Andam de barco com a naturalidade que um lisboeta anda de carro, é a nossa cultura, é a nossa maneira de estar na vida.
Adoramos o Mar e o Sal, adoramos sentir o Vento e a Surriada na cara.

Adquirimos as nossas casas pagando-as, não ocupámos os terrenos. Construimos e pagámos as contribuições devidas.
Para além das devidas, pagámos, anos a fio, taxas às sucessivas Administrações Portuárias, dificilmente explicáveis, mas pagámos.
Agora quer a CCRDC aplicar outras taxas, injustas e leoninas!!!!! A que propósito??? Com que direito????Onde vão as pessoas e as colectividades, num país que não é rico, o nosso Portugal, arranjar dinheiro para pagar aos senhores ministros?

Vão regularizar as margens da NOSSA Ria com esse dinheiro? NÃO
Vão dragar os canais da NOSSA Ria ? NÃO
Vão balizar os canais da NOSSA Ria ? NÃO (Aqui nós até já pagamos outra taxa)

Lembrem-se senhores ministros que por menos a Maria da Fonte se armou e desancou os Cabrais.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

ROUBO o despacho


R O U B O

Os factos e a História,

A Barra de Aveiro foi aberta, como hoje a conhecemos, em 1808.
Uns anos depois, a meados do século XIX foi criada a primeira Administração do Porto de Aveiro, com outro nome nessa época.
Este organismo tomou posse de todos os terrenos ribeirinhos, que administrou até há 2 anos atrás.
Excepcionavam-se as propriedades que à data da constituição da primeira "APA" já se encontravam registados, de que é exemplo a Barra e a Costa Nova.

Não sei se no resto do País há casos idênticos, mas em Aveiro, de Ovar a Mira, a esmagadora maioria dos terrenos ribeirinhos, habitações, apartamentos, clubes desportivos, estabelecimentos comerciais, pagavam anualmente uma taxa à APA.

Em 2004 entendeu-se que as administrações portuárias se deviam dedicar ao seu negócio principal, que é a gestão dos portos. Retirou-se então à sua "jurisdição" as áreas ribeirinhas fora das zonas portuárias.

No caso da Ria de Aveiro, a APA ficou com a área limitada no canal de Ovar pelos estaleiros de S. Jacinto, na Cale da Vila pelo Sporting de Aveiro, no canal de Mira pela ponte da Barra e no rio Boco pela ponte da A25.
Tudo o resto passou para o Ministério do Ambiente.

Em 22 de Novembro de 2006 o Ministro assina e publica o despacho 25522/2006 em que estabelece as taxas a pagar ao Ministério do Ambiente.
As habitações e os Clubes desportivos estão, no entender da CCDR/DRAOT (o organismo que localmente gere as cobranças), no escalão dos € 10,00 por metro quadrado, por ano.

Para além de ser uma taxa injusta, pois as habitações, por exemplo, já pagam o IMI, representa um aumento brutal ao que já se pagava à APA.
No caso das habitações estamos a falar de casas, primeira habitação, completamente legais, devidamente licenciadas e pagadoras de IMI, propriedade há gerações das famílias que nelas habitam.
Não se trata de habitações de luxo que teriam de pagar pelo privilégio de estarem à beira-ria, longe disso. Ao pé de mim, a maior parte, são de lavradores que ganham a vida a "dar de comer" aos senhores das cidades que fazem estes despachos.


No caso dos clubes desportivos trata-se de organismos com funções sociais importantes e sem fontes de receita para este aumento brutal, injustificado e feito por quem parece nem imaginar onde fica a Ria de Aveiro.

Como exemplos refira-se:
a AVELA pagava € 650,00 / ano, vai passar a pagar € 16.500,00

O Clube dos Galitos/Remo pagava € 250,00 / ano, vai pagar € 35.000,00
Um vizinho meu, habitação própria, para além do IMI, pagava € 150,00/ano à APA, vai pagar agora ao Min. Ambiente € 6.000,00/ano!!!!


Deu a louca nestas gentes, ensandeceram.


E é esta a situação.
Da minha parte, se as coisas ficarem desta maneira, vou colocar o Veronique em Baiona e esqueço a bandeira nacional.

Joao Madail Veiga